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“José & Pilar”


Miguel Gonçalves Mendes é o realizador, José Saramago e Pilar del Rio os protagonistas, Lanzarote, ilha vulcânica à beira do continente Africano, o primeiro local de filmagem e um amor profundo entre homem e mulher a história por detrás do documentário.
Ao iniciar as filmagens, Miguel Gonçalves Mendes não pensava em realizar apenas um documentário, no estrito sentido da palavra. Interessava-lhe, sobretudo, construir uma narrativa em que homem e escritor fossem um só, dar a conhecer uma história sobre “Um homem que quer escrever um livro, que adoece, que tem medo de não conseguir acabar o livro, mas consegue recuperar e não só acaba esse romance, como ainda tem uma ideia para outro", como referiu em declarações ao Jornal Público.
O realizador já abordara a vida de outro autor, Mário Cesariny (“Autografia/Um Retrato de Mário Cesariny”) sob a forma de documentário em 2004, trabalho com o qual ganhou o primeiro prémio no DocLisboa. Entre os dois retratos há uma diferença abissal, na opinião do realizador. A força pungente da despedida em Mário Cesariny torna-se glorificação da vida e do amor no filme sobre Saramago.
Miguel Gonçalves Mendes acompanhou o casal por vários locais do mundo durante mais de três anos, filmou cerca de 240 horas de material e passou um ano e meio a efectuar a montagem do que viria a tornar-se o documentário “José & Pilar”. A versão final ficou pronta pouco tempo antes da morte do escritor, o que permitiu ao mesmo o seu visionamento.
"Eu tenho ideias para romances. Ela [Pilar] tem ideias para a vida. E eu não sei o que é mais importante", afirma Saramago em determinado momento. Lança-se a questão sobre a ordem de importância das duas situações. Pilar responde “Pues la vida…” Já temos o escritor, conheçamos, pois, um pouco melhor o homem.


Carla Escarduça
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[1] Miguel Gonçalves Mendes nasceu na Covilhã, em 1978. É licenciado em Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema, mas já trabalhou com diversos criadores nacionais e foi produtor executivo da companhia de teatro Cão Solteiro. Em 2002, fundou a produtora JumpCut, onde desenvolve actividades na área do teatro e do audiovisual. No mesmo ano realizou «D. Nieves», um documentário sobre a Galiza, vencedor de vários prémios. Em 2004, terminou a longa-metragem documental «Autografia», um retrato do poeta e pintor surrealista Mário Cesariny, prémio de melhor documentário português no Festival DocLisboa 2004. Ainda nesse ano, terminou a longa-metragem «A batalha dos Três Reis», rodada em Marrocos e com banda sonora original de Rodrigo Leão. Em 2005, realiza o documentário ficcionado «Floripes ou a Morte de um Mito», uma encomenda de Faro Capital Nacional da Cultura, em co-produção com a RTP2.

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