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Eu acho que o mundo é quadrado e que H2O é a fórmula química do Hidróxido de Sódio – é a minha opinião

Vivemos, sem sombra de dúvida, na era da polivalência. Especializarmo-nos numa determinada área está absolutamente demodé. Desengane-se aquele que achar que tem alguma importância, e que a sua existência terá razão de ser, se não conseguir exercer funções em, pelo menos, dez ou quinze (perdoem a hipérbole) áreas distintas. Um perfeito falhado! Longe vão os tempos em que um cantor era mesmo um cantor, um apresentador era mesmo um apresentador, um actor era mesmo um actor, um escritor era mesmo um escritor, um ministro era mesmo um ministro. Talvez fosse bom naquilo que fazia, mas era um aborrecimento! Pois que isto de ser multifacetado tem outra dinâmica, para além de que nos torna importantes e confere-nos um determinado protagonismo. É que nem se pense que existe competência sem protagonismo! Isso só para os ignorantes.
Poderá haver quem não concorde, mas que é legítimo é. É que não nos podemos esquecer que vivemos também em democracia e que cada um é livre de fazer o que quiser, como lhe aprouver e opinar o que na gana lhe der. A democracia tem destas coisas, contra as quais nem a melhor argumentação resultaria. Aliás, a democracia tornou-se o argumento ele próprio para justificar todo e qualquer acto, o que também é legítimo.
Ora chegamos então à escola democrática, em que o professor, se não quiser estar demodé, não poderá ser mesmo professor, nem o aluno, claro está, fashion victim, mesmo um aluno. Qual o professor que se imagina, na escola, confinado à sua só função de professor? Nenhum, pois não só é considerado politicamente incorrecto, como se torna enfadonho e antipedagógico. Primeiro, porque isso seria colocar a aprendizagem real em primeiro plano, e depois porque um bom professor tem a obrigação de saber cantar, dançar, fazer piruetas, e tudo o mais que possa contribuir para distrair e motivar o aluno. Não devemos esquecer que isso implicaria também que o aluno reconhecesse que o professor tem algum conhecimento acerca do que transmite e competência para o fazer, e ainda que tivesse uma ténue noção do significado de autoridade (não confundir com autoritarismo). Contudo, nada disto faria sentido na escola democrática, pois o aluno tem direito às suas próprias opiniões, não tendo forçosamente que coincidir com as do professor, devendo este último respeitá-las e aceitá-las, ainda que se trate da opinião de que Fernando Pessoa viveu na Idade Média, ou de que Portugal se situa no continente asiático. Não o fazer significa não reconhecer ao aluno o direito à livre expressão de ideias, e pensar que o aluno não sabe o que significa opinião.
Se o aluno vê o vizinho do lado, um ilustre desconhecido, a cantar na televisão, nem que seja o atirei o pau ao gato de quebrar qualquer vidro duplo, se o aluno vê um qualquer académico a comentar, com toda a convicção e reconhecida autoridade, um (ou vários) assunto em que é absolutamente leigo, se o aluno vê um engenheiro licenciado a um Domingo tornar-se Primeiro-ministro, por que raio é que não há-de ele próprio opinar sobre o que o professor diz? Seja, pois, reconhecido ao aluno esse direito e viva a escola politicamente correcta e democrática! Ignorante e caótica, mas democrática! É a minha opinião.

Margarida Pereira

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