Header Ads

Escola de Professores no CERN

Foi a terceira edição da Escola de Professores no CERN em Língua Portuguesa e eu tive o privilégio de ser seleccionada para participar! Decorreu de 30 de Agosto a 4 de Setembro de 2009 e foi realmente uma aventura muito interessante.

O CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), a Organização Europeia para a Investigação Nuclear, é o maior centro de estudos sobre física de partículas do mundo. Localiza-se em Meyrin, perto de Genebra, na Suíça, foi fundado em 1954 e tem um vasto número de países membros, participantes ou apenas observadores. http://public.web.cern.ch/public/Welcome.html
No mundo académico o CERN é conhecido por inúmeras experiências com aceleradores e detectores de partículas tais como ATLAS, ALICE, CMS e LHCb; foi lá que aconteceu a descoberta dos bosões W e Z e diversos dos seus investigadores receberam prémios Nobel.
O CERN é importante para aproximar os povos pois foi o único local onde cientistas norte-americanos e russos trabalharam juntos durante a Guerra Fria. Foi aqui que apareceram os primeiros aparelhos que os hospitais hoje usam para diagnosticar e tratar doenças cancerígenas.
Mas, para a maioria das pessoas, o maior avanço do CERN foi a invenção da World Wide Web, que aconteceu em 1990 e cujo objectivo era permitir aos cientistas de diversos pontos do mundo trocar dados das suas descobertas. http://info.cern.ch/
Os principais objectivos do CERN são:
- Busca de respostas a questões acerca do Universo (De que é feito? Como evoluiu até aqui?);
- União entre os diversos países do Mundo (10 000 cientistas e colaboradores de mais de 80 países trabalham neste projecto);
- Avanço das fronteiras da tecnologia e engenharia;
- Formação de jovens cientistas e engenheiros que serão os especialistas de amanhã.

Depois de saber isto tudo, como foi afinal a aventura?
Quase 200 inscrições e apenas 45 seriam seleccionadas. Quando recebi o pedido de confirmação para a minha participação nem queria acreditar! Confirmei logo e fiquei a pensar se era real. Pesquisei muito sobre o CERN, o que lá se fazia, como eram as instalações, que experiências, que tipo de cientistas…
Era tudo em números grandes… É lá que existe o maior acelerador de partículas do mundo, o LHC, que é uma circunferência de 27 km, 100 metros abaixo do solo, na fronteira entre a Suíça e a França e cujo detector, também no subsolo é um “cilindro” com a altura de um prédio de 4 ou 5 andares… No interior do túnel as partículas deslocam-se no vazio, quase à velocidade da luz e a temperaturas inferiores às do espaço!
http://www.youtube.com/watch?v=vwnigNSVGVw&feature=related
Muitos projectos, muitos cientistas, muita teoria, muita informação… que grande desafio.
Chegou o dia e lá fomos no avião, muito caladinhos, quase ninguém se conhecia, éramos professores de todos os pontos do país e estávamos todos ansiosos por chegar.
Depois de nos instalarmos, a manhã do dia seguinte serviu para conhecer mais alguns colegas brasileiros e moçambicanos que também tinham sido convidados a participar e fomos explorar as instalações à superfície. À excepção da zona central de dormitórios, restaurante, biblioteca e gabinetes, aquilo parecia um parque industrial, visto por fora. Na parte da tarde começaram os trabalhos; entre palestras e visitas aos diversos equipamentos e laboratórios nem dava tempo para respirar. Nas palestras/aulas aprendíamos a teoria que nos permitia perceber o funcionamento das experiências e nas visitas observávamos na prática a consequência de todas aquelas deduções físicas e matemáticas. Visitamos o Centro de Aquisição de Dados (salas enormes cheias de computadores que armazenam a informação recolhidas pelos detectores em todas as experiências), o Centro de Controlo (ao qual chamam carinhosamente Houston, por parecer a sala de controlo da NASA), vimos o laboratório onde se produz antimatéria, a exposição “Microcosmos”, assistimos a filmes em 3D, mas foi quando descemos aos 100 metros que tivemos bem a noção da grandiosidade do que lá se faz e das medidas de segurança que existem (a identificação ocular, as entradas com sensores de infravermelhos e controlo de peso, os medidores de radiação, etc).
Foi deslumbrante e todos aprendemos muito. Também nos divertimos; foi organizada uma caça ao tesouro que permitiu conhecer alguns locais de interesse em Genéve e tivemos direito a um churrasco com toda a comunidade portuguesa a trabalhar no CERN. Descobrimos que fazem parte daquela equipa, cientistas e técnicos portugueses que muito têm contribuído para a ciência.
Além do profissionalismo revelado por todos aqueles que nos receberam, destacou-se a simpatia e simplicidade com que lidavam connosco e respondiam às nossas questões, todos os professores, doutores, cientistas teóricos e experimentais, bem como técnicos que efectuaram as visitas guiadas. Foi uma experiência fascinante!
Cansados mas com a cabeça a fervilhar de novas ideias e conceitos regressamos a Portugal com uma missão: divulgar aos nossos alunos tudo o que vimos e aprendemos naquele Laboratório do Mundo e ajudar a despertar nos jovens o seu espírito crítico e curiosidade científica.
Dina Cintra, professora da Escola Sec. c/ 3º CEB Gil Eanes de Lagos



Sem comentários

Com tecnologia do Blogger.