A Chefia ou a Liderança, qual das duas prefere?

Ora há uma enorme diferença entre ser chefe e ser líder. Nas palavras de Francesco Alberoni, sociólogo e jornalista de renome, «O primeiro tem o poder que lhe foi outorgado por alguém, o segundo vê esse poder naturalmente reconhecido e aceite por todos». E isto significa tão simplesmente que todos nós podemos almejar a chefia, enquanto apenas um punhado de eleitos exercerá alguma vez a liderança. O líder é naturalmente aquele que tem a confiança e o respeito de todos, porque a eles lhes concede esses mesmos valores; o líder não tem medo de decidir e de ser criativo, fazendo-se para isso rodear de executores competentes, com os quais discute, progride, cresce; o líder é amado e admirado por todos, porque faz do trabalho em equipa um verdadeiro projecto em comum, do qual todos se orgulham e ao qual todos querem pertencer. Um chefe frequentemente impõe-se pela força da ameaça e da ordem, ao passo que ao líder basta ser seguido, personificando em si os valores da comunidade que serve. Por estes e muitos outros motivos, chefes há muitos, mas os líderes são escassos e altamente resilientes nos corações das pessoas. José Mourinho, Mahatma Ghandi, Martin Luther King, João Paulo II, Nelson Mandela, Dalai Lama, todos estes nomes inspiraram e continuam a inspirar pessoas em todo o mundo.
Regressando ao pequeno espaço que habitamos todos os dias na nossa escola, a sala de aula, tire-se a lição sobre aquilo que perigosamente começa escassear e que urge recuperar com coragem e paciência: respeito pela figura tutelar do professor e pelo seu estatuto de conhecimento, brio por parte dos alunos e admiração pelo saber adquirido e pela capacidade de trabalho. Não nos enganemos quanto à importância destes valores, pois eles estão na base da verdadeira liderança.
Carla Escarduça
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[1] Popular sociólogo italiano, Francesco Alberoni nasceu em 1929, em Piacenza, Itália. Licenciado em medicina pela Universidade de Pavia, estudou psicanálise e estatística, tendo desenvolvido investigação no campo das probabilidades. Tornou-se professor de sociologia em 1964, primeiramente em Milão, a que se seguiram outras universidades. Foi como estudioso do Amor e da Amizade que Alberoni encontrou popularidade junto do grande público com obras como Enamoramento e Amor (1979). Escreve todas as terças-feiras no jornal i.
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