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Medo

Grito, Edward Munch

Anoitece. Deixo de ver a chuva que continua a estripar no telhado, porque a luz dos candeeiros na frente da minha casa é tão fraca que poucos metros conseguem iluminar. Na frente do meu quarto, o vento produz uma tremenda mistura de gemidos, que parecem de dor.
Enquanto estudo, à luz de um único candeeiro que incide na mesa, fico às vezes sobressaltada com ruídos que vindos do nada, que me assustam. Aumento o volume de som do rádio que me faz companhia, mas mesmo assim, tenho necessidade de sair do quarto, para tentar espairecer todo o receio que me invade.
Passo assim algumas horas, entre livros e receios, até que chega a hora de me deitar. Visto o pijama e aconchego-me nos lençóis, recordando o dia que passou e outras coisas de outros dias. Num momento de pausa, reparo nas sombras com braços projectados na parede, e nos lamentos de quem geme lá fora. Enterro-me, então, por completo nos cobertores e penso se não estará agora a entrar por uma fenda da porta um tropel de criaturas horrendas que logo a seguir é capaz de se ir esconder nos cortinados ou, pura e simplesmente, desaparecer.
Tento na altura convencer-me que tudo não passa de partidas pregadas pela minha imaginação, mas é inútil, porque, enquanto assim penso, acontece sempre alguma coisa que me torna a assustar e a obrigar, por isso, a socorrer-me dos corredores.
Finalmente adormeço, e por entre pesadelos e suores, chego ao dia seguinte. Acordo, e ao abrir a janela, vejo que continua a chover. Retomo a rotina diária e , por um instante, inconscientemente, revejo as sombras que visitaram esta noite.

Ana Caneco, 9ºB

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