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O (imprescindível) papel dos pais na educação

Sempre que se fala em educação, a palavra que atropela imediatamente a maioria dos cidadãos é o substantivo comum professores (talvez para muitos professores seja o substantivo próprio Ministra, mas isso é outra matéria que virá, eventualmente, a caber noutro artigo). A associação que a maioria das pessoas faz é, de facto, legítima, pois nós somos realmente um pilar importante na formação académica das crianças e dos jovens. Não obstante, para que o nosso papel seja profícuo muitos TPC terão que ser feitos em casa (passo a redundância), e não me refiro aos de Português nem aos de Matemática, mas simplesmente aos que têm que ser desenvolvidos pelos pais, como pais, e logo, como elementos fulcrais no desenvolvimento dos filhos.

A experiência de amor e carinho parentais sólidos, durante a infância, faz com que crianças afortunadas cheguem à idade adulta não só com um profundo sentido do seu próprio valor, mas também com um sentido profundo de segurança. É verdade que grande parte dos pais, mesmo quando relativamente ignorantes ou rudes noutros aspectos, são instintivamente sensíveis ao medo do “abandono” dos seus filhos. Mas muitas crianças não têm essa sorte. Um grande número é “abandonado” pelos pais durante a infância por deserção, por pura negligência ou por simples falta de afecto. Essa lacuna provoca nas crianças uma incapacidade de lidar com o que não lhes dê prazer, e consequentemente, uma incapacidade para o estudo, uma vez que este implica trabalho e, por vezes, sacrifício. Apesar de se ter instituído, em determinada altura da história da pedagogia, que a aprendizagem tem de ser um acto lúdico, sabemos perfeitamente que esta é uma teoria falaciosa. Estudar implica esforço e empenho. Não direi que não se possa aprender, a brincar, mas se o passatempo se transforma num fim em si, então torna-se um substituto em vez de um meio de desenvolvimento pessoal.

Ora, para que os nossos alunos possam desenvolver essa capacidade de se esforçarem, eles precisam de ver satisfeitas as necessidades afectivas, precisam de se sentir amados, precisam que lhes dêem atenção, precisam de ser ouvidos. Se não são ouvidos eles não aprendem a ouvir. De uma forma simplista, diria que o papel dos professores é ensinar conteúdos e o papel dos pais é ensiná-los a ouvir esses conteúdos. A forma mais vulgar e mais importante de exercermos a nossa atenção é, sem dúvida, ouvindo. A atenção é um acto de vontade e de algum trabalho também, porque, não raras vezes, lutamos contra a inércia da nossa mente. Assim como os filhos deveriam lutar contra a preguiça de fazer os TPC de Português e Matemática, os pais deveriam igualmente combater a inércia da mente para os TPC que lhes compete. Dependendo da qualidade dos segundos, os primeiros contribuiriam, em grande parte, para o sucesso escolar.

Para que os alunos adquiram capacidades que lhes permitam aceder a um desenvolvimento pessoal (isto implica progresso académico) é necessário que tenham modelos de auto-disciplina, sentido de valor pessoal e um grau de confiança na segurança da sua existência. Estes “bens” podem ser adquiridos através da auto-disciplina e do afecto sólido e genuíno dos pais.

Se a energia dispendida pelos pais, a reclamarem dos TPC que os professores mandam, fosse aproveitada para os seus próprios TPC, as relações professor-aluno-encarregado de educação seriam, nos tempos que correm, certamente, mais pacíficas.

Professora Margarida Pereira

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