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(Sem título)

Estávamos com pressa. A enorme esfera de hélio que comanda a luz já estava quase a esconder-se por detrás dos enormes algodões-doces avermelhados que, uma vez por outra, vertem. Faltava pouco.
O vento corria desenfreado, bofeteava-nos com a sua insensatez e raiva, utiliza os nossos cabelos contra nós. Vingámo-nos. Calcorreámos mato após mato, desafiando-o, fintando as suas vagas de frio e incertezas. Os ramos das árvores batiam-me na cara, mas a tua estatura não o permitia, havendo apenas o abraço mortífero das raízes dos pinheiros. Tropeçámos vezes sem conta, mas se o vento e as plantas não nos pararam, nada o iria fazer.
O caminho a percorrer ainda era longo, faltavam só uns quantos quilómetros, metros, decímetros, centímetros, milímetros. Faltava pouco, escassos milímetros, apenas umas dezenas de milhar.
Já se avistava o mar, a rocha íngreme, um farolim abandonado, sem objectivo de existência. Nós tínhamos um. Chegaríamos a tempo de ver?
Faltava pouco.
Pisávamos ervas, mas depressa os grãos miúdos de rocha morta, desfeita de tom amarelado, apoderaram-se do solo. Depois, a rocha nua, firme, perigosa.
Chegámos. O Sol encontrava-se no ponto perfeito, metade fora de água, a iluminar tudo de cor triste.
Saltámos. Ganhámos uma corrida contra o vento, o tempo, a natureza, a distância e o cansaço para a perder contra a gravidade.
Olhei para a tua cara momentos antes. Proferi algo único:
-Chegámos.


Texto de Dexter Germanotta Allen

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