Header Ads

Uma tarde como as outras


Uma rua como as outras, assim como este  dia que segue a minha incessante rotina. Caminho sozinha com os meus fones de ouvido. Uma briza fria encara-me de frente, e observo as folhas amarelas e vermelhas a cairem à minha volta.
  A música que oiço, provavelmente mais alta do que deveria, dá-me uma sensação que estou no meu próprio mundo.
  Passo por um vizinho com quem quase nunca falo, no entanto mal reparo nele, envolvida na minha própria trilha sonora. Provavelmente ele vai achar que sou mal educada novamente.
“Humpf... estes jovens de hoje em dia... não ligam a nada! É incrivel! Só querem saber das tecnologias!”  Dizia o  alto homem que aparentava ter mais de sessenta anos à espera que o seu Iphone 6 acabasse de carregar.
“Esta geração  não é como antigamente... Antes é que era! Aah... bons tempos eram aqueles!” Dizia uma comum dona de casa enquanto dava o tablet ao seu pequenino de 3 anos para o entreter. A novela era certamente mais importante.
  Continuo a caminhar pela estrada e observo o final de tarde à minha frente. O céu era de tantas cores diferentes... Podia até descrever como algo mágico.
  Avanço no meu caminho até passar ao lado de um pequeno café. Observo silenciosamente o ambiente lá dentro devido ao cheiro que me atraiu a atenção. “ Até me apetecia uma bebida quente” penso eu.
  No entanto desisto da ideia, ao aconchegar as minhas mãos mais fundo nos bolsos largos do casaco e sigo em frente, abandonando o frio ambiente que enchia o pequeno estabelecimento.
  Quatro pessoas integravam a clientela. Cada uma numa mesa afastada e individual. Duas estavam a ver televisão e as outras duas... Que surpresa...telemóvel.
   A minha avó reclama que as pessoas já não são o que eram, criticando a minha geração obviamente, enquanto ela mesma quer um computador novo para o Natal. Tem até bastante piada, imaginar a minha avó com os seus óculos grandes e redondos a perguntar-me como pôr letra maiúscula no teclado do seu portátil.
  Com esses pensamentos, finalmente chego ao meu destino.
  Sinto a  macia sensação de relva fresca debaixo das minhas botas de Inverno e sento-me em cima  de uma pequena colina rodeada por macieiras.
  Inspiro fundo o ar húmido de dezembro e desligo a minha pequena fonte de conexão ao mundo virtual.
  Agora, sem os meus fones, aprecio o silêncio do pôr do Sol no meu pequeno refúgio da sociedade.   Apenas eu, e a brisa que agora me encarava como uma nova trilha sonora da minha própria paz de espírito.


Texto e ilustração da aluna Marcela Pereira, 10ºC

Sem comentários

Com tecnologia do Blogger.