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Além-Tejo


É um fim de tarde como tantos outros em que não se repara… são horas e lá vamos pela planície ondulante, enquanto a serra arde.
Não me recordo de muitas coisas que lembras… não faz mal. Assim, tenho o privilégio de as ver novidade todas as vezes que a minha memória o permitir. Como se nascessem a cada um dos meus olhares sem passado. Como se fossem ecos de Início. Pelo menos assim será, enquanto houver alguém, como tu, a dizer-me o que, noutros tempos, existiu e habitou as entranhas desta aldeia, que sufoca sob o calor deste Agosto entardecido.

Involuntariamente, fujo-te… desinteressas-te… há o jantar e quem te aguarda. Eu tenho esta solidão por companhia e mais todos os meus livros. Mas para que os queres tu? Não sabes que a resposta é imensa… feres de novo…Mas é porque precisas mesmo deles ou só para dizeres que os tens?... feriste… não, não é nenhuma das hipóteses, nem sequer aquela com que tentei satisfazer a tua curiosidade cruel – Gosto muito de ler, respondi-te. Boa tarde! , dizes apressadamente a quem ainda se há-de cruzar connosco. Estamos sós de novo. A caminhar. E já te desinteressaste… agora é o arroz de marisco e os enredos de uma qualquer telenovela que não sei o nome…
Não te soube responder. Nem me sei responder.
Mas para que os quero? Aos livros. Para quê?


Texto da Prof.ª Antónia Mancha
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Quadro de Arcimboldo

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