Sonhe

"O Sonho", Douanier Rousseau

Os ventos que me trouxeram até aqui…

Nunca mais voltaram para sequer dar uma explicação

Também já não os culpo por nada

Sei que “eles” ainda servirão de risos no meu banquete

Fui avisado e convidado único e especial da festa

Havia muitos presentes

A depressão foi a primeira a chegar

Veio de longe e mansinha

Com seus braços fortes e sua face invisível

Tentando enganar os distraídos

A solidão por si, veio sozinha, como de costume, e aqui ficou

Estavam todos à minha espera

Só não veio a felicidade

Resolvi então buscá-la

Aos poucos fui caminhando e cada vez mais convicto de que ainda há muito chão para polir

O homem que atravessou a rua vinha quieto e pensara…

Por aqui já não chove

E o frio não me faz impressão

O amor, este avisou com antecedência que não viria

Também nem fiquei preocupado

Pois nunca o tive e sei que ele é indecifrável e quase inexistente

Quando sigo a caminhada continuo a pensar e a pensar

Que cada vez mais me dá pena “deles”

Está tudo aos nossos olhos, mas a cegueira insiste em continuar

É pena ter pena

Quando disserem que nunca é tarde, eu direi que pode ser tarde demais

A escuridão vai caindo e com ela trazendo os mistérios da noite

Não sei se há lua lá fora, ou está por aí escondida

Deixei tudo aos pedaços e não parei de seguir em frente

Vi com mais lucidez que por estes ventos já não há mais mudança

Não sou, não quero e longe de mim ser pessimista

Mas isto do jeito que vai, não vai longe e só caminha para o sentido contrário

O errado posso ser eu e o tempo provar-me que afinal tudo não passou de um sonho

Sonhar é simplesmente o que me faz seguir

Aviso que sonhar acordado é melhor do que sonhar dormindo

O que me mantém em pé e me faz levantar todos os dias são os meus sonhos

Já avisei alguns que logo parto, não os levo comigo porque sei que também não viriam, estão demasiados cegos e esta doença já não me convence

Não deixo nada para ninguém, apenas quero que lembrem que enquanto cá estive tentei ao máximo fazer com que todos vissem

Amanhã parto cedo, vou logo fazer a mudança

A saudade me bateu à porta, entrou, tomou um café e perguntou se eu não podia ficar apenas mais uns dias

Respondi que logo volto para responder a tristeza se afinal os cegos viam

Ouvi barulhos…era o medo

Dele não temi, meu único medo é do homem, que insiste em seguir por um caminho que não é o meu

Veio o dia e veio a noite, esta estava contente quando lhe contei que deixei de dormir

Dormir é perda de tempo, a vida foi feita para ser vivida e não dormida

A rádio da cidade anuncia que a paz morreu e o silêncio foi sequestrado

Aflito, fiquei

Meus amigos podem estar em perigo, mas não posso ajudá-los, pois estamos todos sozinhos nesta jornada

Depois de tanto caminhar, resolvi sentar e cantar, para alegrar os ouvidos de quem passasse por ali

A música que sai de dentro cantava-se assim…

A felicidade não existe

Existe, mas não por completo

O que existe são momentos felizes, momentos de alegria

Jamais conseguiremos ser 100%felizes, porque todos nós temos problemas, tristezas e medos

Devemos estar sempre em busca destes tais momentos, que por alguns instantes, raros e poucos, nos faz esquecer de tudo o que a tristeza trouxe,  desde quando pisou cá pela primeira vez

Devemos estar sempre em busca da felicidade

Porque sim, ela existe

Devemos estar sempre em busca da felicidade

Mesmo que a felicidade seja continuar cego ou fingindo que não vemos

Eles sempre dirão que o tempo tudo cura, sempre há tempo e nunca é tarde

Eu cantarei-talvez seja tarde

Mas nunca é tarde para sonhar

Sonho que me movo, que te moves, que se move ele, que nos movemos, que vos moveis, que  se moverão

Enquanto há sonho há vida

Se não sonhas, de que vale então viver?

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Texto de Vinícius Rosa- 11ºC – Profissional Energias Renováveis