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Contos do Mago

Este é um Projecto Interdisciplinar, no âmbito dos Contos do Mago, e em que participam a Elisabete Araújo, Cláudia Marcelino e  Carla Sardinha, bem como as turmas 8º B e 10º F.






No âmbito das disciplinas de Animação Sociocultural e de Área de Estudo da Comunidade, um grupo de trabalho da turma 10ºE, do Curso Profissional de Animação Sociocultural, realizou uma entrevista à autora e Coordenadora do Projecto “Contos do Mago”, Helena Tapadinhas.

Esta entrevista teve como finalidade compreender o Projecto “Contos do Mago”, desde a sua planificação até à sua execução. Com a mesma, pudemos perceber a Filosofia subjacente ao Projecto, bem como as dificuldades inerentes à implementação do mesmo.
Mas a nossa conversa permitiu-nos aprender muito mais do que aquilo que esperávamos, pois através de uma amena cavaqueira ficámos a conhecer melhor a história geológica do nosso Planeta, especialmente do Algarve e da nossa região. Tomamos consciência da necessidade da redução da nossa Pegada Ecológica, bem como ficamos mais despertos para a beleza natural, para a valorização da nossa região.

O que a motivou a realizar este projecto?
- O que me motivou a realizar este projecto foi a necessidade de despertar nas pessoas a curiosidade. De forma a nos podermos conhecer e a gostarmos do sítio onde vivemos, levar as pessoas a olhar para a paisagem de outra maneira de modo a percebermos quem somos. Porque quem vive em Lagos, quem vive em Monchique ou no Árctico é diferente, pois as pessoas que vivem em sítios diferentes são diferentes entre si, na sua maneira de estar, de sobreviver, de pensar. O estudo geológico permite-nos compreender muitos dos nossos hábitos culturais
A Educação Ambiental permite-nos compreender o território e a forma como o habitamos, permite-nos saber quem é que nós somos e só sabendo quem é que nós somos é que podemos perspectivar o nosso futuro. O conhecimento da região onde vivemos permite-nos a perspectivação do futuro e é isso que permite uma gestão eficaz dos nossos recursos. A isso chamamos sustentabilidade. A sustentabilidade consiste na gestão eficaz dos recursos de modo a estes não acabarem. Não podemos tirar mais do que aquilo que necessitamos e é isso que actualmente acontece, e por isso vivemos num momento de crise.
O projecto Contos do Mago, contribui para o casamento entre o imaginário e o real e eu aprendi isso com o meu pai, quando nas caminhadas me incentivava a olhar para as coisas de outra maneira e a ouvir as coisas de outra maneira.

A quem é que se destina o Projecto “Contos do Mago”?
- O Projecto destinava-se originalmente a crianças dos oito aos doze anos, pois as propostas de actividades presentes no livro destinam-se a esta faixa etária. Contudo, actualmente, acredito que este projecto se destina a todos os níveis etários, dependendo da maneira como se interpreta cada conto e das actividades que se fazem posteriormente.

Que expectativas e dificuldades teve durante a elaboração do Projecto?
- Com este Projecto pretendo que as pessoas exerçam efectivamente a cidadania, pois através da expressão artística podemos intervir para a mudança. Como exemplo disso temos a Operação Lágrimas Negras, que através de uma petição realizada pelos alunos das escolas do Algarve, no ano de 2000, permitiu a implementação de cinco torres por parte do Estado, que permitem monitorizar os cargueiros que passam ao longo da nossa costa, reduzindo significativamente o risco de uma maré negra.
Temos que pensar a razão pela qual consumimos determinados recursos. Hoje em dia, as pessoas consomem água, porque sim, vão às compras, porque sim, compram casas de férias, porque sim… e isso tudo implica que haja um desperdício de recursos.
Actualmente, vivemos de tal forma dependentes da tecnologia que esta está praticamente ao nível do Sagrado. O facto de dependermos do petróleo, - tudo é feito de petróleo e necessitamos dele para viver -, e de este estar a terminar, leva-nos a criar outros meios de produção de energia, como por exemplo, a energia eólica, das marés e do sol. Contudo, isso não é uma solução, é apenas o exemplo da nossa sociedade de consumo, onde em vez de se reduzir, pensasse em como produzir meios alternativos. Por exemplo, para pouparmos energia construímos carros eléctricos, mas quando é que esse carro compensa a energia que foi gasta anteriormente?
Isto demonstra o paradigma da sociedade actual, onde só se pensa no consumo e não na reposição dos recursos.
Quanto às dificuldades… estas foram fundamentalmente financeiras.

A redacção de cada história em consonância com as características geológicas de cada praia, envolveu decerto, um grande trabalho de pesquisa da sua parte, fê-lo sozinha ou em parceria com outras pessoas/entidades?
- A concretização deste projecto teve o apoio de várias parcerias, como por exemplo, Professores e Biólogos, a nível científico e a nível financeiro a Direcção Regional de Educação do Algarve, a ALGAR e as Águas do Algarve. De salientar que este livro é a base de um Projecto pedagógico único em Portugal, apoiado pela DREALG, e que pretende através do imaginário, compreender a forma como se habita. Isto é uma noção profunda do que é a Educação Ambiental.

Já realizou projectos do mesmo género?
- Sim, pois o Projecto de Educação Ambiental pela Arte já existe há catorze anos, tendo começado em 1997, com a “Operação Lágrimas Negras”, em 2000 com “Os guardiões da água do Algarve”, em 2003 “os Guardiões da água do Sul”, em 2006, “Contos e Lendas do Algarve” e em 2008 “Contos do Mago”.

Acredita que este projecto para além de uma componente lúdica desempenha um papel fundamental na preservação do património cultural?
- Há uma dimensão filosófica nos Contos do Mago, através da imaginação e da motivação podemos conhecer o nosso território e, isso leva-nos a uma compreensão da vida. Nós somos o resultado de uma interacção complexa do terreno, da geologia, do clima e da cultura. O conhecimento da região em que vivemos permite-nos valorizar a mesma e, isso facilita a sua preservação.
Quando a escola, a casa, promovem o imaginário, o pensamento divergente. A atitude de respeito e de optimismo perante o mundo, surgem naturalmente.

Que balanço é que faz deste (ou dos outros) projectos?
- O balanço que faço é bastante positivo, pois dá-me imenso gosto e prazer realizá-lo.

Entrevista à autora e Coordenadora do Projecto Contos do Mago, Helena Tapadinhas

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