Crónicas da Valéria - junho de 2017
Este
mês a crónica vem da praia. Enquanto os meus amigos correm e se atiram de
cabeça para as ondas enormes que quase lhes rebentam nas caras, prefiro ficar
um pouco mais tempo deitada, na minha toalha, a escrever um texto mal-amanhado
nas Notas do meu telemóvel. Sinto as minhas pernas queimar e o meu cabelo ainda
tem aquele cheiro a mar e sal, do mergulho anterior. Para um aluno do 10° ano,
a escola acabou em 2017, a 16 de Junho, sensivelmente a meio do mês, o que, na
nossa opinião é meio mês desnecessário e desperdiçado em aulas que já ninguém
consegue aguentar. Mas finalmente, chegam as férias e, com elas a praia,
amigos, familiares, saídas à noite, festas, gelados e sumos frescos na
esplanada do café à beira mar. Para ser sincera ... admito que quase me
esquecia de escrever a minha crónica mensal. Não porque me chateia, mas sim
porque estava tão ocupada a fazer absolutamente nada que quase me relaxei
demais. Mas, apesar de toda a felicidade que as férias trazem e, por mais que
isto me custe a admitir, tenho vindo a aperceber-me que gosto mais de ficar
dentro de casa. Gosto do meu sofá, gosto do meu gato, gosto da minha
PlayStation, gosto do fresquinho do interior e do meu frigorífico com bebidas
frias para os dias mais quentes. Para mim, muitas das vezes, as férias são
apenas mais três meses do mesmo, só que com sensivelmente mais calor e
necessidade de ligar o ar condicionado. E
já qual não é o mês que oiço os meus amigos dizerem-me mais do mesmo:
"Po**a Valéria, mas tu sais de casa?! Queres é ficar em casa a jogar os
teus jogos com pistolas!"
…
Opá, sim. E não são "jogos com pistolas", chamam-se FPS's. (Hehe) E
na verdade, não estão enganados. Ok, sou tipo toupeira. Vocês fazem planos para
sair e divertirem-se, mas eu sou mais preguiçosa e aborrece-me até combinar
coisas. E sei que gostam muito de mandar umas bocas de vez em quando, (na
brincadeira, eu sei!) a rirem-se dos meus hábitos tão típicos de um adolescente
preso num mundo de pixels, fios eletrónicos e comandos de consola. Mas isto não
me torna menos ou mais social! Tenho bastantes amigos, muitos dos quais conheci
através meus jogos e vivem nos recantos mais remotos da Internet, Ásia,
Américas, África, Austrália, e são pessoas reais. De facto, este mês conheci um
dos meus melhores amigos, enquanto passei uma semana de férias em Londres. E
sinceramente por mais que os meus amigos de cá possam achar estranho, na
verdade faço amizades incríveis com pessoas que um dia espero conhecer realmente.
Isto tudo para dizer que por de trás de cada um de nós, existe uma vida que
outros desconhecem. E aí escondemos as coisas que nos são mais queridas, e
guardamos esses pequenos segredos apenas para nós. Quem sabe, talvez enquanto
os meus amigos saem de noite; eu vá fazer escalada noturna. Ou escrevo poemas
que guardo mais tarde ou, então, cozinho
bolos para vender. Quem sabe? Nem eu posso dizer que conheço bem a minha melhor
amiga, nem nenhum de nós pode dizer o mesmo do seu amigo mais próximo. Todos
nós vivemos vidas diferentes fora do ambiente escolar normal… e isso torna-nos
únicos. Por detrás da pessoa que vemos todos os dias durante a escola, existe
uma pessoa diferente, uma pessoa genuína
e feliz, à sua maneira. Acho que todos nós gostamos das férias exatamente por
isso: elas trazem o melhor de nós ao de cima. Ou melhor, trazem-nos a NÓS ao de
cima.
Texto de Valéria Tabacaru
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