Crónicas da Valéria - Outubro 2017
Hoje, ao contrário do plano habitual da
escrita que tenho apresentado ao longo desta edição de crónicas, intitulei-me
completamente livre para abrir um novo caminho e sair do trilho de terra batida
por onde estivemos, até agora, a caminhar. Desta vez, ir-nos-emos aventurar
para um sítio mais sombrio, complexo e escuro da mente humana. O mato que
rodeia este nosso trilho é denso, sufocante, e pouco hospitaleiro a visitantes
alheios. Contudo, de catana na mão, iremos hoje começar a abrir o que será,
posteriormente, um caminho alternativo para a compreensão do jovem na sua
totalidade.
Outubro marca o mês
no qual começaremos um desafio de três etapas, progredindo com cada mês que se
seguirá. E, por decisão completamente pessoal, iremos descobrir também o lado
mais feio, podre e repulsivo do que por fora pode aparentar ser uma simples
criança de 17 anos de idade, - a depressão. Não só a depressão, como
também todas as suas facetas, causas, e consequências.
Por mais que
queiramos acreditar no contrário, a depressão é uma realidade que vive entre
nós diariamente, como uma sombra que penetra as multidões escolares e corrói
tudo por onde passa a mão. E, sendo que estivemos, até agora, a examinar o
típico adolescente inserido no seu ambiente escolar e caseiro, esta ‘mudança de
direção’ parece-me apenas natural.
O âmbito deste mesmo ‘mini-projeto’
ser-vos-á revelado num futuro capítulo; poucas páginas mais à frente. Por
agora, fiquemos apenas pelo início deste novo trilho para o desconhecido. . . A
dar um passo de cada vez; por mais que me custe, a mim, ser o guia desta
caminhada.
Certamente, já todos nós tivemos dias
“Off.” E certamente já todos nos sentimos stressados, afogados num mar de
tarefas e responsabilidades que exercem um peso desumano sobre os nossos
frágeis ombros, como se nos quisessem enterrar nos mais profundos abismos
subterrâneos alguma vez descobertos pelo Homem. Eu sei que eu já.
Quantas não foram as vezes em que perdi
noites, acordada a tentar acabar ou adiantar trabalhos para a frente; faltei a
eventos sociais ou familiares, arrisquei o meu bem-estar físico-mental para
conseguir cumprir todos os prazos, todas as inconvenientes exigências que vêm
de lá, daqui, de ali, de trás para a frente e de frente para trás. Qualquer
aluno conhece o que é realmente sentir o stress /à flor da pele./ Esta
inquietação transborda para o nosso dia-a-dia, onde estamos rodeados de
multidões de pessoas entre as quais nos sentimos, por vezes, completamente
desligados. Daí o termo “dia Off.” Raramente ouvimos o que os nossos colegas
têm para dizer ao almoço, porque toda a nossa atenção está algures perdida
entre folhas de um calendário, contando cada segundo até dia X ou Y.
Lentamente, pequenos problemas encadeiam-se,
como uma bola de neve, para algo maior — até nos esmagarem debaixo do seu peso
monumental que insistimos em ocultar com um sorriso meio tosco e um “nada,
tenho apenas sono” quando os nossos colegas nos perguntam o que se passa e o
porquê de parecermos tão ‘mortos’.
Enfim, podia falar incessantemente e mais ainda, mas como dizem
os homens velhos e sábios, o ‘melhor para o fim.’ O tema será desenvolvido
daqui em diante, sempre abordado por diferentes vertentes. Até lá, sentem-se,
relaxem, bebam uma chávena da vossa bebida quente favorita. . . O caminho será
longo.
Texto de Valéria Tabacaru – 11ºC
Coordenação e revisão de texto –
prof. Fernando Ildefonso
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