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A marcha dos pinguins


Se viu a marcha dos pinguins dê por mal empregadas as lágrimas que tentou esconder na altura, quando o peso do frio e da solidão das pobres aves se lhe acumularam no peito e a fome que estavam a passar lhe atou um nó na garganta.
Cientistas monitorizaram os pinguins e colocaram sensores que permitiram determinar a temperatura dos pinguins imperador: em pleno inverno e no meio do bando que se comprime para se defender do cerco do gelo, as aves estão de tal forma próximas que nem a própria luz penetra e a temperatura chega a ser de… 35oC! É por isso que têm constantemente de trocar de posição, para se refrescar do “clima tropical” que reina lá no meio.
Os pinguins têm uma vida longa e privilegiam a qualidade, a sua aposta reprodutora é “poucos mas bons” por isso põem um único ovo e tratam da cria com desvelo. O pai fica a tomar conta da cria até a mãe voltar do mar com o estômago cheio de peixe que regurgitará para alimentar o pinto, enquanto será a vez de o pai partir para fazer o mesmo. Eis uma questão que fazia os cientistas interrogar-se: se as aves se alimentam a grande distância e geralmente demoram 3 semanas a ir e outras 3 a voltar, como é que tanto tempo com o estômago cheio de peixe não lhes causa a morte? (O peixe estraga-se se estiver 3 semanas a 37o, a temperatura no interior da ave.) Amostras do conteúdo do estômago dos pinguins imperador revelaram que este produz um antibiótico bastante forte e eficaz contra os microrganismos que poderiam ser responsáveis pela deterioração do alimento que contém.
Mas o desvelo dos pais pinguins também tem limites, quando a fome aperta mesmo, podem abandonar a cria em troca da sobrevivência própria. É nesta altura que os nossos corações mais sofrem, talvez os pais não amem, afinal, tanto os seus filhos… Bem, parece que o que, de facto, se passa é que, à medida que o tempo de espera pela parceira vai passando, a ave vai consumindo as suas reservas e o próprio intestino diminui. Porém, quando as reservas diminuem abaixo um certo limiar, o sistema hormonal altera-se e deixa de produzir algumas hormonas, entre as quais aquelas que são responsáveis pelo “amor pela cria”, e o animal deixa de a reconhecer e parte em busca de alimento. Aposta-se, assim, na sobrevivência de um adulto que pode vir a produzir muitas mais crias em vez de o fazer na sobrevivência de um animal que, provavelmente, se os pais morrerem, nem atingirá o estado adulto. Já agora, algumas destas hormonas são também produzidas pelos mamíferos (entre os quais se conta a nossa espécie) em especial no período do parto e parecem ser responsáveis pela criação de um elo forte entre mãe e filho. O amor de mãe é, de início, uma questão muito química! 
Neste momento, parece que a sobrevivência dos pinguins imperador está bastante ameaçada visto que, como se alimentam no mar mas junto à plataforma gelada antárctica e esta está a recuar devido à alteração de temperatura, o tempo de ir e voltar aumentou pelo que, quando regressam, já é tarde e a cria já ficou abandonada, por ter passado demasiado tempo (6 semanas sem comer ainda vá, mas 10!?) e sem crias não haverá geração seguinte.

Professora Guadalupe Jácome

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