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Ténias, lombrigas, oxiuros… voltem, tudo perdoado!

 

tenia-ou-solitaria-1 Lombrigas
Há anos que, nos países ditos desenvolvidos, praticamente não se ouve falar de lombrigas ou ténias (mais conhecidas por bichas solitárias). Trata-se de animais que vivem nos intestinos, principalmente das crianças, com alguns efeitos pouco desejáveis. À medida que a nossa qualidade de vida foi melhorando e que esta bicharada diminuiu consideravelmente por via dos cuidados de higiene, outras doenças foram aumentando, como as alergias ou outras situações em que o sistema imunitário desata a atacar o que não deve, nomeadamente o próprio organismo que é suposto defender (assim como se a polícia, à falta de melhor, desatasse a prender os cidadãos honestos).

Muitas têm sido as conjeturas sobre as causas destes aparentes estados de estupidez do sistema imunitário: os novos modos de produção agrícola, o aumento de aditivos nos alimentos, o aumento do consumo de medicamentos, a poluição (que para a maioria das pessoas é uma entidade vaga toda ele costas, largas, claro, e mãe de todos os males) enfim, sabe-se lá que mais.

Ora, já vai para alguns anos, um investigador japonês cujo nome não recordo, publicou um estudo em que tentava explicar as diferenças de incidência das doenças do sistema imunitário entre países pobres (em que não se verificou qualquer aumento) e ricos em que a situação começa a ser um pouco preocupante. Conjeturava ele que poderia tratar-se do facto de as crianças, nos países desenvolvidos, não terem contacto com animais (vacas, porcos, etc) que lhes pudessem transmitir alguns parasitas. Na ausência destes parasitas, o sistema imunitário das crianças dos países desenvolvidos não seria convenientemente “educado” durante o seu processo de amadurecimento. Como as diferenças entre os estilos de vida, alimentação, etc, entre países desenvolvidos e não desenvolvidos são numerosas, é difícil passar das conjeturas às conclusões e por isso este trabalho não foi além delas.

Recentemente veio a público um artigo, no mínimo, pouco convencional. Um investigador inglês cujos graves problemas de alergias não têm cedido aos tratamentos convencionais, decidiu infestar-se com um pequeno nemátode parasita. Resultado: o seu estado de saúde melhorou consideravelmente!

É claro que uma observação não chega para tirar quaisquer conclusões mas o artigo parece ter despoletado uma certa curiosidade na comunidade científica e há já quem esteja em busca das razões para esta situação. Pensa-se que, tendo parasitado o Homem ao longo de milhares de anos, estes animais evoluíram com ele e puderam sobreviver por terem sido capazes de produzir substâncias que interferem no funcionamento do sistema imunitário de modo a manter níveis de reação que não só lhes permitiram sobreviver num ambiente potencialmente pouco hospitaleiro como acabaram por beneficiar o próprio hospedeiro prevenindo os excessos do seu sistema de defesa.

Há que repensar, então, o que pensamos da relação entre o Homem e estes animais que sempre olhámos como parasitas (organismos que obtêm vantagens e prejudicando outros) e colocar a hipótese de que se trate de mutualistas (aqueles que retiram benefícios mas também os proporcionam).

 

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Texto da Professora Guadalupe Jácome

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